Flor das Águas, foi desta forma que o geógrafo e
estudioso da Amazônia, Eidorfe Moreira, encontrou para denominar Belém, capital
do estado do Pará e primeira cidade a ser fundada na Amazônia. Para ele, não é
exagero dizer que nenhuma outra cidade do Brasil se mostra tão portentosa e
interessante sob o ponto de vista hidrográfico. A água figura aí como peça
fisiográfica e como elemento cênico, como moldura e como agente modelador.
Podemos dizer que é um privilégio uma cidade possuir em seu território tantas
ilhas, baías, rios, igarapés e praias. E é certamente o arquipélago do
Mosqueiro, o maior de todos, o que mais expressa o caráter de uma cidade
constantemente penetrada e fecundada pelas águas amazônicas.
A história de Mosqueiro se
confunde com a história da colonização da Amazônia, particularmente do estado
do Pará e sua capital. É a história de um arquipélago singular, localizado no
magnífico delta do rio Amazonas que vem encantando os viajantes durante
séculos.
A
verificação de mapas do século XVII, produzidos pelos primeiros navegadores
europeus a visitar a região, aponta para dois aspectos interessantes do ponto
de vista histórico para o arquipélago do Mosqueiro. O primeiro é a denominação
de Ilha de Santo Antônio e o segundo é o fato da região estar inserida na
Província dos Tupinambás. Esses povos habitavam o estuário amazônico por
ocasião da chegada do colonizador. Suas tradições estavam intimamente ligadas à
natureza, a partir dela elaborou tecnologias e teologias. Foi uma sociedade que
experimentou um modo de vida fortemente relacionado com a floresta, com os
rios, com os minerais e com as espécies da fauna e da flora, deixando suas
marcas na cultura dos paraenses.
Em janeiro de 1.500, o navegador espanhol Vicente Iañes
Pinzón chega à costa norte brasileira e depara-se em meio a um grande mar de
águas doces, turvas e esbranquiçadas, região que mais tarde ele irá denominar
de Santa Maria de la Mar Dulce.
Encantado pelo formoso delta, Pinzón desembarcou na praia de uma aprazível ilha
onde permaneceu o tempo necessário para continuar a viagem, fazendo parte deste
maravilhoso arquipélago e guardando as suas belas praias com ondas de água
doce, estava uma ilha que, futuramente, receberá o nome de Mosqueiro.
Em 1545, o explorador espanhol
Francisco Orelhana, que já havia passado pelo delta do grande rio em 1542 e
espalhando pelo velho mundo a notícia de haver encontrado guerreiras para as
quais denominou de Amazonas, retorna à região. Partindo de Sevilha, Orelhana
avista a terra reconhecendo o cabo de São Roque, percorrendo mais umas cem
léguas, afastados doze da terra, os navegantes encontram água doce, era o sinal
que seu comandante buscava para saber que havia retornado ao delta do rio das
Amazonas. No dia seguinte, chegaram em uma baía localizada entre duas ilhas
abundantes de frutas e pescado. O historiador João Lúcio D’Azevedo, comentando
este episódio, escreve “... no dia seguinte ao que penetraram no rio, deram
fundo entre duas ilhas bastante povoadas: pode-se supor fosse a baía do Sol,
perto das ilhas de Colares e Mosqueiro. Na véspera, quase se perdem nos baixos:
devia ser os de Bragança. Tudo isto a simples inspeção do mapa nos confirma”.
D’Azevedo também comenta, baseado em relato do Frei
Gaspar de Carvajal, que este dia era consagrado à Nossa Senhora do Ó, aquela
que mais tarde tornaria-se padroeira de Mosqueiro.
Partindo da
baía de São Marcos, no dia 25 de dezembro de 1615, a expedição de Caldeira Castelo
Branco tinha o propósito de avançar para o norte o processo colonizador. Após
alguns dias de viagem, a expedição chega defronte da entrada da atual cidade da
Vigia. Dando prosseguimento a sua viagem, os navegadores atravessam a baía do
Sol e a ilha de mesmo nome, hoje conhecida como ilha de Colares. Em relato
feito para o rei D. João V pelo funcionário da Coroa Bernardo Pereira Berredo,
neste momento, deparam-se com uma região considerada o lugar mais apropriado
para a conquista e povoação e “um dos mais agradáveis lugares desta Costa para
fundar uma cidade” segundo o padre José de Morais, e acrescenta em seguida, “a
não serem seus mares tão inquietos que faziam dificultoso o desembarque das
naus do reino e embarcações da terra, por ser açoutada toda aquela Costa das
grandes maresias da tarde, algumas vezes com trovoadas”. No dia seguinte,
Caldeira subiu um pouco mais, assentando a nova povoação em uma península à
direita do rio Guamá. Estava fundada Belém, em 12 de janeiro de 1616. A falta
de precisão dos documentos relativos à expedição de Caldeira Castelo Branco não
nos permite ter convicção de que o lugar ao qual se refere Berredo é Mosqueiro,
todavia as circunstâncias de viagem e a descrição que o padre José de Morais
faz da região, guardando enorme semelhança com a enseada da ilha voltada para a
baía do Sol, reforça esta ideia.
Em 1545, o explorador espanhol
Francisco Orelhana, que já havia passado pelo delta do grande rio em 1542 e
espalhando pelo velho mundo a notícia de haver encontrado guerreiras para as
quais denominou de Amazonas, retorna à região. Partindo de Sevilha, Orelhana
avista a terra reconhecendo o cabo de São Roque, percorrendo mais umas cem
léguas, afastados doze da terra, os navegantes encontram água doce, era o sinal
que seu comandante buscava para saber que havia retornado ao delta do rio das
Amazonas. No dia seguinte, chegaram em uma baía localizada entre duas ilhas
abundantes de frutas e pescado. O historiador João Lúcio D’Azevedo, comentando
este episódio, escreve “... no dia seguinte ao que penetraram no rio, deram
fundo entre duas ilhas bastante povoadas: pode-se supor fosse a baía do Sol,
perto das ilhas de Colares e Mosqueiro. Na véspera, quase se perdem nos baixos:
devia ser os de Bragança. Tudo isto a simples inspeção do mapa nos confirma”.
D’Azevedo também comenta, baseado em relato do Frei
Gaspar de Carvajal, que este dia era consagrado à Nossa Senhora do Ó, aquela
que mais tarde tornaria-se padroeira de Mosqueiro.
Partindo da
baía de São Marcos, no dia 25 de dezembro de 1615, a expedição de Caldeira Castelo
Branco tinha o propósito de avançar para o norte o processo colonizador. Após
alguns dias de viagem, a expedição chega defronte da entrada da atual cidade da
Vigia. Dando prosseguimento a sua viagem, os navegadores atravessam a baía do
Sol e a ilha de mesmo nome, hoje conhecida como ilha de Colares. Em relato
feito para o rei D. João V pelo funcionário da Coroa Bernardo Pereira Berredo,
neste momento, deparam-se com uma região considerada o lugar mais apropriado
para a conquista e povoação e “um dos mais agradáveis lugares desta Costa para
fundar uma cidade” segundo o padre José de Morais, e acrescenta em seguida, “a
não serem seus mares tão inquietos que faziam dificultoso o desembarque das
naus do reino e embarcações da terra, por ser açoutada toda aquela Costa das
grandes maresias da tarde, algumas vezes com trovoadas”. No dia seguinte,
Caldeira subiu um pouco mais, assentando a nova povoação em uma península à
direita do rio Guamá. Estava fundada Belém, em 12 de janeiro de 1616. A falta
de precisão dos documentos relativos à expedição de Caldeira Castelo Branco não
nos permite ter convicção de que o lugar ao qual se refere Berredo é Mosqueiro,
todavia as circunstâncias de viagem e a descrição que o padre José de Morais
faz da região, guardando enorme semelhança com a enseada da ilha voltada para a
baía do Sol, reforça esta ideia.
Nos primeiros séculos de colonização portuguesa, o
litoral era responsável pelo abastecimento do núcleo colonizador. Não demorou
muito para os jesuítas instalarem na ilha do Mosqueiro a Missão Myribira que, juntamente com a Missão Topinambazes, na ilha de Colares, e
outras do mesmo gênero constituíam as Aldeias de Baixo. A estratégia
desenvolvida pelos jesuítas foi fundamental para o sucesso do aparato
colonizador em seus momentos iniciais. Administravam recursos que serviam para
o pagamento de dotes para aqueles colonos que casassem com nativas da região.
Através de suas aldeias garantiam a mão de obra necessária para a construção do
núcleo urbano, bem como para a exploração das drogas do sertão.
Ao ser nomeado pelo rei de Portugal, D José I, como
Secretário de Negócios Estrangeiros e de Guerra, o Marquês de Pombal inicia um
processo de mudanças na política do governo português que resultaram em grandes
transformações na região. Em 1751, cria o Estado do Grão-Pará e Maranhão e
transfere a sede do governo para Belém. Seu meio irmão Francisco Xavier
Mendonça Furtado é nomeado governador. Furtado estabelece, em 1757, normas que
instituíam o cargo de diretor de aldeia, nomeado pelo governador. Contrários às
novas diretrizes do governo, os jesuítas são expulsos do Pará por ordem do
Marquês de Pombal.
No século XVIII, muitas pessoas requereram enormes áreas
de terras em Mosqueiro, as léguas de “sesmarias” como eram chamados os documentos
que doavam as terras pertencentes à Província Imperial. Entre estes
beneficiados estava o posseiro Padre Antônio Nunes da Silva a quem coube a
doação das terras de Mosqueiro voltadas para a Baía do Sol, em 6 de dezembro de
1746. Contando com a mão de obra de escravos africanos, seus herdeiros
construíram sítios agrícolas: o Sítio Conceição, ainda preservado; o Sítio
Santana, onde as ruínas de sua casa grande encontram-se na propriedade do Hotel
Paraíso; e o Sítio Paysandu, na foz do rio Sucurijuquara.
Na primeira metade do século XIX, o Pará vivenciou a
revolta dos Cabanos, assim nomeada por fazer referência às habitações daqueles
que formavam os maiores contingentes que integraram o movimento. Faziam parte deste,
camadas sociais desfavorecidas como
caboclos, índios destribalizados e os negros libertos que moravam nas
ilhas e regiões próximas a Belém, além de alguns fazendeiros e comerciantes
inconformados com a política do presidente da província.
No litoral de Mosqueiro, importante reduto Cabano, havia
dois pontos artilhados: o da Vila, instalado nas barrancas da praia do Bispo; e
o do Chapéu Virado, com artilharia montada nos penedos que ali existiam. Eram
desses pontos que os Cabanos atingiam os navios que conduziam tropas,
mantimentos, armas, munições e fardamento para o marechal Manuel Jorge
Rodrigues na ilha de Tatuoca e para as tropas de Pernambuco que haviam aportado
na ilha de Cotijuba. A resistência instalada na ilha do Mosqueiro enfrentou as
forças legalistas em 21 de janeiro de 1836, em plena praia do Chapéu Virado.
Após horas de combate, várias mortos e feridos de ambos os lados e sem munição,
os Cabanos saíram em retirada pelas matas e rios da região.
Nas décadas seguintes à Cabanagem, Mosqueiro continuava
com sítios agrícolas, concentrados em sua maioria no norte do arquipélago, e um
pequeno vilarejo ao sudoeste com suas casas localizadas, entre arvoredos, na
beira da baía. Politicamente, Mosqueiro era vinculado à Freguesia de Benfica e
em seu território os mapas apontavam diversos vilarejos: a Vila da Baía do Sol,
ao norte; a Vila do Carananduba, a noroeste; a Vila do Chapéu Virado, a oeste e
a Vila do Mosqueiro, a sudoeste.
Quando vice-presidente da Província do Pará, o Cônego
Manoel José de Siqueira Mendes sancionou, em 10 de outubro de 1868, a lei 563
da Assembleia Provincial criando a Freguesia do Mosqueiro. Em seu artigo 1º
lemos “Fica criada na povoação de Mosqueiro uma freguesia sob a invocação de
Nossa Senhora do Ó...”. A igreja que havia no vilarejo de Mosqueiro e pertencia
à Irmandade de Nossa Senhora do Ó, foi indicada para matriz provisória e
mandada avaliar para a devida indenização à irmandade, promovendo-se a sua
conclusão pelo governo da Província, o mesmo ocorrendo com a obra do cemitério
que ficava ao lado da capela e pertencia à mesma irmandade. O fato da sede da
nova Freguesia ter sido instalado no vilarejo de Mosqueiro determinou o nome da
mesma.
D. Macedo Costa era então
o bispo do Pará e nessa qualidade designou em portaria de 2 de abril de 1869,
para vigário da nova freguesia, o padre de cinquenta e um anos, Manoel Antônio
Rayol, que aceitou e nela se radicou.
O século XIX chegava às suas últimas décadas, Mosqueiro
deixaria de ser Freguesia e passaria para a condição de Vila de Belém em 6 de
julho de 1895. A região começava a experimentar um novo ciclo econômico que
traria grandes transformações. Para Mosqueiro estavam reservadas muitas
surpresas. Porém, este será o tema da segunda parte desta história a ser
veiculada no Blog mosqueirosustentavel.blogspot.com.
Caro Eduardo,
ResponderExcluirPrimeiramente queremos, mais uma vez, parabenizá-lo pela inciativa da criação desse lindo blog sobre Mosqueiro, que com certeza se transformará em breve, num grande canal de divulgação e debates da nossa Ilha que encanta o ano inteiro!!!
Os membros da Associação Pró-Turismo da Ilha do Mosqueiro entendem que o Turismo é a principal atividade econômica capaz de proporcionar desenvolvimento auto sustentável para Mosqueiro (a indústria e a agricultura não se mostram apropriadas). Sabemos que aqui, é imenso e fantástico o potencial turístico que brota dos rios, das matas, da flora, da fauna, dos monumentos históricos e da sua cultura tradicional, objetos de desejo da atividade turística o que não são suficientes para produzir os efeitos sociais, econômicos e ambientais que desejamos.
Temos consciência que esse desafio é amplo, mas, com o intuito de dar o primeiro grande passo, e tornar isso realidade, em 2007 2008, após vários trabalhos e experiências já ocorridas em Mosqueiro, com Instituições Governamentais e não Governamentais, reuniu e com sua ajuda, formulou um documento que denominou de Plano Estratégico de Gestão Integrada do Turismo em Mosqueiro, esse documento, resultou de todos esses anos de discussões, debates e experiências acumuladas e foi entregue em vários órgãos, que supostamente trabalham com turismo em nosso Estado, inclusive ao Governador do Estado através da PARATUR e em mãos ao Prefeito Municipal de Belém. Não temos pretensão de exaurir essa discussão, mas, admitimos que essa seria uma das formas de despertar nas autoridades competentes o imenso potencial turístico que hoje esta sendo desperdiçado.
Hoje, cansados desses anos de luta e sem vislumbrarmos nenhuma perspectiva de melhora, em nossa Ilha, mas, sem perder a esperança, continuamos a acreditar que planejando, conscientizando, capacitando, promovendo e apoiando eventos e articulando com instituições nacionais e internacionais, transformaremos, um dia, esse belo arquipélago do estuário amazônico em um destino turístico de referência em nosso País.
Sinta-se por nós autorizado a divulgar nossas demandas constantes do Plano Estratégico de Gestão Integrada do Turismo em Mosqueiro. .
Um grande abraço Mosqueirense.
Assinam por toda a Diretoria da Associação,
Antonio Menezes e João Araújo
Presidente e Vice-Presidente da Associação Pró-Turismo, respectivamente