Farol de Mosqueiro

Farol de Mosqueiro
Farol de Mosqueiro

quinta-feira, 12 de março de 2015

“Zoológico” de Valor.



Se você frequenta Mosqueiro com assiduidade ou pretende vir morar por aqui – MUITO CUIDADO, você está arriscado a receber o nome de algum animal como apelido. De qualquer forma, se isso vier a acontecer, fique tranquilo, isso significa que você já faz parte do seleto grupo de “celebridades” locais.

Dando sequência ao objetivo do Blog Mosqueiro Pará Brasil de resgatar a memória da “ILHA”, publico, desta vez, o trabalho em “prosa” ou “poesia” do Manoel Gomes da Silva que, na época em que se comemorava os 100 anos de Mosqueiro, dedicou de um modo muito especial àquelas pessoas que através dos seus apelidos, lhes deram condições de produzir esta obra.



I
Já escrevi sobre Mosqueiro
A Vila maravilhosa
Escrevendo sobre as praias
Meu livro foi feito em prosa
Pois Mosqueiro eu comparo
Com um jardim cheio de rosas

II
E agora eu vou falar
E peço a vossa atenção
É sobre os animais
E também as suas funções
Que exercem no Mosqueiro
Bem no meio do povão

III
Os animais que me refiro
São pessoas que moram aqui
E que lograram apelidos
Sem deles poder fugir
E aceitaram numa boa
Sem resmungar ou sair

IV
A história que vou escrever
É sobre esses animais
Vou dizer o que eles fazem
Na vida profissional
Falando de cada um
Sem ferir sua moral

V
Pois nós aqui no Mosqueiro
Damos apelido em tudo
Quem mente é verdadeiro
Quem fala muito é mudo
Quando é magro e come muito
Seu apelido é pançudo
VI
Mas nessa minha história
Vou simplesmente falar das grandes atividades
Das pessoas que vou citar
Que trabalham e exercem bem
O que eu vou analisar

VII
Pois aqui neste Mosqueiro
O animal tem valor
Pois o CAVALO é motorista
GERICO guia trator
BARATA corta cabelo
LONTRA é distribuidor

VIII
MACACO é protocolista
CUITIA é grande pedreiro
GATO tem padaria
BAIACU é açogueiro
CALANGO é farmacêutico
CURIÓ é marceneiro

IX
CORÉ toca pistão
MUCURA é funcionário
BACU é um taxista
SAPO é comerciário
FOCA já é aposentado
E RÃ um bom operário

X
MUTUCA é pescador
PATATIVA é sapateiro
BODE era pintor
GALO é um bom padeiro
GARNIZÉ é profissional
Em motor de geladeira

XI
COBRA é um bom motorista
E ANUM já foi coveiro
O BOI é um vigia
O TREQUE camarueiro
PIABA é capataz
E também é baiuqueiro

XII
PREGUIÇA era jogador
PEREMA é um mestrão
Com madeira ele faz tudo
E fabrica até pião
CAITETU está doente
E já não trabalha não

XIII
No tempo que trabalhava
No trabalho era exemplar
Trabalhava numa firma
Que se pode até lembrar
Uma indústria de borracha
Grande fábrica Bitar

XIV
O BURRO também é mestre
É pedreiro e carpinteiro
Gosta de boi-bumbá
E brinca e ano inteiro
Ainda faz bico aos domingos
Pois também é sorveteiro

XV
JACARÉ é exigente
Trabalhava no restaurante
O PACA na prefeitura
Se julgar até importante
O BOTO trabalha sempre
Em serviço ambulante

XVI
O PORCO é um bom ferreiro
Também jogava uma bola
TATU o rei do telhado
Construidor de uma escola
Hoje em dia já está idoso
E nunca pediu esmola

XVII
ARARA se aposentou
Motora de caminhão
GURIJUBA empresário
VAGALUME faz carvão
MANDIÍ é bom pedreiro
Trabalha em construção

XVIII
MORCEGO é o rei do azulejo
É príncipe do acabamento
Trabalha sempre à noite
Com madeira e com cimento
Trabalha na profissão
Que tem bom conhecimento

XIX
PATO era operário
Só que cedo se acabou
Pois pegou uma doença
E a sua morte brusca
A sua família se enlutou

XX
CAMARÃO é gente boa
Tem fama de brigador
Se fia que é tira-gosta
Por isso já se ferrou
Mas é o cara bacana
E até um bom pescador

XXI
GRILO é um bom peixeiro
E trabalha todo dia
Lá no mercado da vila
Onde tem boa simpatia
Ao lado do seu BARATA
Peixeiro lá da Vigia

XXII
SIRI na luta ficou cego
E passou a tocar violão
Quando era bom ele era
Pescador de camarão
A doença obrigou-lhe
A mudar de profissão

XXIII
CARANGUEIJO é taberneiro
O ACARÍ já morreu
Era um bom lavrador
E muita produção deu
Morava em Caruaru
O lugar onde nasceu

XXIV
Temos o BACU LAVADO
É um grande eletricista
É um bom profissional
Sempre teve suas conquistas
Se aposentou e hoje vive
Uma vida de artista

XXV
Existia o CACHORRINHO
Que já estava aposentado
Trabalhava lá na praça
E era um homem esforçado
Com sua morte sua família
Veio sentir um bocado

XXVI
Temos também o CACHORRO
Que trabalha em construção
É um grande profissional
Leva sério a profissão
Para construir com ele
Tem que ter a planta na mão

XXVII
CHITA é operado
Trabalha com motosserra
É derrubador de árvore
E sempre diz que nunca erra
Ela diz que é bode velho
Apanha e nunca berra

XXVIII
O velho CAMALEÃO
Deus a tempo já levou
Trabalhava com madeira
Era um grande construtor
Era o rei do caixão fabricou

XXIX
JACURARÚ foi funcionário
Da prefeitura daqui
Trabalho há muitos anos
Na profissão de gari
Era um homem sociável
Vivendo sempre a sorrir

XXX
Tem o velho CURIÓ
Que é um bom trabalhador
Ele faz de tudo um pouco
Já foi até pescador
Se elogia entre os garis
Diz que é um grande professor

XXXI
Temos o jovem PICA-PAU
Ele é um pouco matreiro
É filho do Manoel Gomes
Genro do Manoel Monteiro
É vigia de uma escola
Também um bom biscateiro

XXXII
Tem um TUCANO na ilha
Há muito ouvi falar
Eu não sei o que ele faz
E não posso analisar
Conheço em Sucurijuquara
Meu amigo SABIÁ

XXXIII
Esse amigo SABIÁ
É empreiteiro de obras
Trabalha em grandes firmas
Não é homem de manobras
E trabalha porque tem
Conhecimento de sobra

XXXIV
PINTO tem cachorro quente
E é um bom funcionário
Trabalha já algum tempo
No terminal rodoviário
PERERECA é um pedreiro
E é um bom operário

XXXV
MATUPIRI vende há tempo
CARANGUEIJO no mercado
MAPARÁ era escrivão
Mas já está aposentado
ZÉ CAÇÃO é um bom peixeiro
Quando alguém está ao seu lado

XXXVI
BONITINHO é funcionário
Trabalha em administração
Lá no mercado da vila
Que exerce sua função
Zela para que haja lá
Uma boa organização

XXXVII
Tinha o velho CORUJA
Que já era um pedreirão
Tinha também o ROLINHA
Que eu não sei sua profissão
Gostava de marretagem
Vendendo açaí e carvão

XXXVIII
Tem também o CURUPIRA
Que é um homem bem zangão
Trabalha de biscateiro
Tem até bom coração
E sua maior virtude
Que é torcedor pelo LEÃO

XXXIX
Temos o senhor PIPIRA
Um homem muito brigão
Que gosta de uma intriga
Em qualquer ocasião
Dizem que herdou do pai
Que se chamou FORMIGÃO

XL
Temos o MICO do táxi
Que é um amigalhão
E é um bom taxista
Já trabalhou em caminhão
Seu maior defeito às vezes
É andar na contra-mão

XLI
E o senhor JACANÃ
Que é um homem de bem
Trabalha de motorista
Na cidade de Belém
Já me disse que não gosta
De falar mau de ninguém

XLIII
E tem o jovem MOSQUITO
Que já foi acidentado
Apanhou uma grande queda
Que lhe deixou aleijado
Mas coma graça de Deus
Já melhorou um bocado

XLIII
Temos ainda outro MOSQUITO
Que trabalha de marceneiro
E o JABUTI CARUMBÉ
Que trabalha de pedreiro
Tem também seu TEM-TEM
Que é um grande marreteiro

XLIV
E o senhor CUANDÚ
Que gosta de uma seresta
Ele diz que é homem bom
Não traz letreiro na testa
E a profissão que ele gosta
É ser porteiro de festa

L
PATURI joga uma bola
E até um bom jogador
CANÁRIO era barbeiro
E CUPIM carregador
Quati um grande açougueiro
RATO cego lavrador

LI
Tem o POMBO do taxi
Tem o BOMBO da marinha
Tem outro POMBO motora
Que até comércio tinha
Tem o POMBO da dezesseis
Que tem uma baiuquinha

LII
João VIADO vende PEIXE
ARRAIA é marreteiro
CHULA era pescador
MUCUIM grande pedreiro
PIRARUCU já morreu
E era um grande padeiro

LIII
O BACUÍ já morreu
Era o pai do Dagmar
Trabalhava na indústria
Até vir se aposentar
Foi grande trabalhador
Lá na fábrica Bitar

LIV
Também existia um homem
Bom de bola pra xuxu
Sua profissão eu não lembro
Dizem que vendia beijú
Era filho do seu Heráclito
Se chamava CURURU

LV
BICUDO é motorista
Guia sempre um caminhão
Mas tem outro BICUDO
Que eu não sei sua profissão
Ele vendia raspa-raspa
Na frente do Canecão

LVI
Temos também o BIGODE
Que é um bom motorista
Mora lá no aeroporto
Passando um pouco da pista
Fala que não usa óculos
Pois é muito bom de vista

LVII
E o senhor PORAQUÊ
É um grande trabalhador
Sua grande profissão
Era de carregador
Hoje ele vive mais de bicos
Já foi até pescador

LVIII
SRARÁ é um bom pedreiro
Gosta de uma empreitada
E quando vai construir
Topa qualquer parada
Nas construções que ele faz
Eu nunca vi dar mancada

LIX
Tinha o velho PICOTA
Pedreiro de profissão
Foi grande comerciante
Em nossa povoação
Era um homem pacífico
E muito bom de coração

LX
CAMORIM era pescador
De peixe e de camarão
PESCADA era servente
Trabalhava em construção
E era um cara bacana
E homem de boa ação

LXI
BACURAU era padeiro
E que muito trabalhou
Na padaria do “seu” Oscar
Lá até se aposentou
E até em sua vaga
O senhor ITUÍ ficou

LXII
Pois ITUÍ é bom padeiro
E ninguém diz que não é
Trabalha e é pontual
Bem cedinho está de pé
Já me disse que é devoto
Da Virgem de Nazaré

LXIII
E aqui estou terminando
A história que criei
Sobre todos os animais
Que apelido alguém deu
Peço desculpas e perdão
Se alguém comigo se ofendeu

LXIV
Por isso eu vos agradeço
Com toda a minha alegria
Também agradeço a Deus
E a Santa Virgem Maria
Pela grande inspiração
Pra rimar esta Poesia

LXV
O meu nome é MANOEL GOMES
Sou um simples funcionário
Eu nasci em 37
Julho é meu aniversário
Eu sou filho do Mosqueiro
Ele é o meu berçário

LXVI
E pra finalizar
Esta história popular
Quero dar vivas ao Mosqueiro
Também parabenizar
Pelos CEM ANOS DA VILA
A qual está a completar

FIM

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