Se você frequenta Mosqueiro com
assiduidade ou pretende vir morar por aqui – MUITO CUIDADO, você está arriscado
a receber o nome de algum animal como apelido. De qualquer forma, se isso vier
a acontecer, fique tranquilo, isso significa que você já faz parte do seleto
grupo de “celebridades” locais.
Dando sequência ao objetivo do Blog Mosqueiro Pará Brasil de resgatar
a memória da “ILHA”, publico, desta vez, o trabalho em “prosa” ou “poesia” do Manoel Gomes da Silva que, na época em
que se comemorava os 100 anos de Mosqueiro, dedicou de um modo muito especial àquelas
pessoas que através dos seus apelidos, lhes deram condições de produzir esta
obra.
I
Já
escrevi sobre Mosqueiro
A
Vila maravilhosa
Escrevendo
sobre as praias
Meu
livro foi feito em prosa
Pois
Mosqueiro eu comparo
Com
um jardim cheio de rosas
II
E
agora eu vou falar
E
peço a vossa atenção
É
sobre os animais
E
também as suas funções
Que
exercem no Mosqueiro
Bem
no meio do povão
III
Os
animais que me refiro
São
pessoas que moram aqui
E
que lograram apelidos
Sem
deles poder fugir
E
aceitaram numa boa
Sem
resmungar ou sair
IV
A
história que vou escrever
É
sobre esses animais
Vou
dizer o que eles fazem
Na
vida profissional
Falando
de cada um
Sem
ferir sua moral
V
Pois
nós aqui no Mosqueiro
Damos
apelido em tudo
Quem
mente é verdadeiro
Quem
fala muito é mudo
Quando
é magro e come muito
Seu
apelido é pançudo
VI
Mas
nessa minha história
Vou
simplesmente falar das grandes atividades
Das
pessoas que vou citar
Que
trabalham e exercem bem
O
que eu vou analisar
VII
Pois
aqui neste Mosqueiro
O
animal tem valor
Pois
o CAVALO é motorista
GERICO
guia trator
BARATA
corta cabelo
LONTRA
é distribuidor
VIII
MACACO
é protocolista
CUITIA
é grande pedreiro
GATO
tem padaria
BAIACU
é açogueiro
CALANGO
é farmacêutico
CURIÓ
é marceneiro
IX
CORÉ
toca pistão
MUCURA
é funcionário
BACU
é um taxista
SAPO
é comerciário
FOCA
já é aposentado
E
RÃ um bom operário
X
MUTUCA
é pescador
PATATIVA
é sapateiro
BODE
era pintor
GALO
é um bom padeiro
GARNIZÉ
é profissional
Em
motor de geladeira
XI
COBRA
é um bom motorista
E
ANUM já foi coveiro
O
BOI é um vigia
O
TREQUE camarueiro
PIABA
é capataz
E
também é baiuqueiro
XII
PREGUIÇA
era jogador
PEREMA
é um mestrão
Com
madeira ele faz tudo
E
fabrica até pião
CAITETU
está doente
E
já não trabalha não
XIII
No
tempo que trabalhava
No
trabalho era exemplar
Trabalhava
numa firma
Que
se pode até lembrar
Uma
indústria de borracha
Grande
fábrica Bitar
XIV
O
BURRO também é mestre
É
pedreiro e carpinteiro
Gosta
de boi-bumbá
E
brinca e ano inteiro
Ainda
faz bico aos domingos
Pois
também é sorveteiro
XV
JACARÉ
é exigente
Trabalhava
no restaurante
O
PACA na prefeitura
Se
julgar até importante
O
BOTO trabalha sempre
Em
serviço ambulante
XVI
O
PORCO é um bom ferreiro
Também
jogava uma bola
TATU
o rei do telhado
Construidor
de uma escola
Hoje
em dia já está idoso
E
nunca pediu esmola
XVII
ARARA
se aposentou
Motora
de caminhão
GURIJUBA
empresário
VAGALUME
faz carvão
MANDIÍ
é bom pedreiro
Trabalha
em construção
XVIII
MORCEGO
é o rei do azulejo
É
príncipe do acabamento
Trabalha
sempre à noite
Com
madeira e com cimento
Trabalha
na profissão
Que
tem bom conhecimento
XIX
PATO
era operário
Só
que cedo se acabou
Pois
pegou uma doença
E
a sua morte brusca
A
sua família se enlutou
XX
CAMARÃO
é gente boa
Tem
fama de brigador
Se
fia que é tira-gosta
Por
isso já se ferrou
Mas
é o cara bacana
E
até um bom pescador
XXI
GRILO
é um bom peixeiro
E
trabalha todo dia
Lá
no mercado da vila
Onde
tem boa simpatia
Ao
lado do seu BARATA
Peixeiro
lá da Vigia
XXII
SIRI
na luta ficou cego
E
passou a tocar violão
Quando
era bom ele era
Pescador
de camarão
A
doença obrigou-lhe
A
mudar de profissão
XXIII
CARANGUEIJO
é taberneiro
O
ACARÍ já morreu
Era
um bom lavrador
E
muita produção deu
Morava
em Caruaru
O
lugar onde nasceu
XXIV
Temos
o BACU LAVADO
É
um grande eletricista
É
um bom profissional
Sempre
teve suas conquistas
Se
aposentou e hoje vive
Uma
vida de artista
XXV
Existia
o CACHORRINHO
Que
já estava aposentado
Trabalhava
lá na praça
E
era um homem esforçado
Com
sua morte sua família
Veio
sentir um bocado
XXVI
Temos
também o CACHORRO
Que
trabalha em construção
É
um grande profissional
Leva
sério a profissão
Para
construir com ele
Tem
que ter a planta na mão
XXVII
CHITA
é operado
Trabalha
com motosserra
É
derrubador de árvore
E
sempre diz que nunca erra
Ela
diz que é bode velho
Apanha
e nunca berra
XXVIII
O
velho CAMALEÃO
Deus
a tempo já levou
Trabalhava
com madeira
Era
um grande construtor
Era
o rei do caixão fabricou
XXIX
JACURARÚ
foi funcionário
Da
prefeitura daqui
Trabalho
há muitos anos
Na
profissão de gari
Era
um homem sociável
Vivendo
sempre a sorrir
XXX
Tem
o velho CURIÓ
Que
é um bom trabalhador
Ele
faz de tudo um pouco
Já
foi até pescador
Se
elogia entre os garis
Diz
que é um grande professor
XXXI
Temos
o jovem PICA-PAU
Ele
é um pouco matreiro
É
filho do Manoel Gomes
Genro
do Manoel Monteiro
É
vigia de uma escola
Também
um bom biscateiro
XXXII
Tem
um TUCANO na ilha
Há
muito ouvi falar
Eu
não sei o que ele faz
E
não posso analisar
Conheço
em Sucurijuquara
Meu
amigo SABIÁ
XXXIII
Esse
amigo SABIÁ
É
empreiteiro de obras
Trabalha
em grandes firmas
Não
é homem de manobras
E
trabalha porque tem
Conhecimento
de sobra
XXXIV
PINTO
tem cachorro quente
E
é um bom funcionário
Trabalha
já algum tempo
No
terminal rodoviário
PERERECA
é um pedreiro
E
é um bom operário
XXXV
MATUPIRI
vende há tempo
CARANGUEIJO
no mercado
MAPARÁ
era escrivão
Mas
já está aposentado
ZÉ
CAÇÃO é um bom peixeiro
Quando
alguém está ao seu lado
XXXVI
BONITINHO
é funcionário
Trabalha
em administração
Lá
no mercado da vila
Que
exerce sua função
Zela
para que haja lá
Uma
boa organização
XXXVII
Tinha
o velho CORUJA
Que
já era um pedreirão
Tinha
também o ROLINHA
Que
eu não sei sua profissão
Gostava
de marretagem
Vendendo
açaí e carvão
XXXVIII
Tem
também o CURUPIRA
Que
é um homem bem zangão
Trabalha
de biscateiro
Tem
até bom coração
E
sua maior virtude
Que
é torcedor pelo LEÃO
XXXIX
Temos
o senhor PIPIRA
Um
homem muito brigão
Que
gosta de uma intriga
Em
qualquer ocasião
Dizem
que herdou do pai
Que
se chamou FORMIGÃO
XL
Temos
o MICO do táxi
Que
é um amigalhão
E
é um bom taxista
Já
trabalhou em caminhão
Seu
maior defeito às vezes
É
andar na contra-mão
XLI
E
o senhor JACANÃ
Que
é um homem de bem
Trabalha
de motorista
Na
cidade de Belém
Já
me disse que não gosta
De
falar mau de ninguém
XLIII
E
tem o jovem MOSQUITO
Que
já foi acidentado
Apanhou
uma grande queda
Que
lhe deixou aleijado
Mas
coma graça de Deus
Já
melhorou um bocado
XLIII
Temos
ainda outro MOSQUITO
Que
trabalha de marceneiro
E
o JABUTI CARUMBÉ
Que
trabalha de pedreiro
Tem
também seu TEM-TEM
Que
é um grande marreteiro
XLIV
E
o senhor CUANDÚ
Que
gosta de uma seresta
Ele
diz que é homem bom
Não
traz letreiro na testa
E
a profissão que ele gosta
É
ser porteiro de festa
L
PATURI
joga uma bola
E
até um bom jogador
CANÁRIO
era barbeiro
E
CUPIM carregador
Quati
um grande açougueiro
RATO
cego lavrador
LI
Tem
o POMBO do taxi
Tem
o BOMBO da marinha
Tem
outro POMBO motora
Que
até comércio tinha
Tem
o POMBO da dezesseis
Que
tem uma baiuquinha
LII
João
VIADO vende PEIXE
ARRAIA
é marreteiro
CHULA
era pescador
MUCUIM
grande pedreiro
PIRARUCU
já morreu
E
era um grande padeiro
LIII
O
BACUÍ já morreu
Era
o pai do Dagmar
Trabalhava
na indústria
Até
vir se aposentar
Foi
grande trabalhador
Lá
na fábrica Bitar
LIV
Também
existia um homem
Bom
de bola pra xuxu
Sua
profissão eu não lembro
Dizem
que vendia beijú
Era
filho do seu Heráclito
Se
chamava CURURU
LV
BICUDO
é motorista
Guia
sempre um caminhão
Mas
tem outro BICUDO
Que
eu não sei sua profissão
Ele
vendia raspa-raspa
Na
frente do Canecão
LVI
Temos
também o BIGODE
Que
é um bom motorista
Mora
lá no aeroporto
Passando
um pouco da pista
Fala
que não usa óculos
Pois
é muito bom de vista
LVII
E
o senhor PORAQUÊ
É
um grande trabalhador
Sua
grande profissão
Era
de carregador
Hoje
ele vive mais de bicos
Já
foi até pescador
LVIII
SRARÁ
é um bom pedreiro
Gosta
de uma empreitada
E
quando vai construir
Topa
qualquer parada
Nas
construções que ele faz
Eu
nunca vi dar mancada
LIX
Tinha
o velho PICOTA
Pedreiro
de profissão
Foi
grande comerciante
Em
nossa povoação
Era
um homem pacífico
E
muito bom de coração
LX
CAMORIM
era pescador
De
peixe e de camarão
PESCADA
era servente
Trabalhava
em construção
E
era um cara bacana
E
homem de boa ação
LXI
BACURAU
era padeiro
E
que muito trabalhou
Na
padaria do “seu” Oscar
Lá
até se aposentou
E
até em sua vaga
O
senhor ITUÍ ficou
LXII
Pois
ITUÍ é bom padeiro
E
ninguém diz que não é
Trabalha
e é pontual
Bem
cedinho está de pé
Já
me disse que é devoto
Da
Virgem de Nazaré
LXIII
E
aqui estou terminando
A
história que criei
Sobre
todos os animais
Que
apelido alguém deu
Peço
desculpas e perdão
Se
alguém comigo se ofendeu
LXIV
Por
isso eu vos agradeço
Com
toda a minha alegria
Também
agradeço a Deus
E
a Santa Virgem Maria
Pela
grande inspiração
Pra
rimar esta Poesia
LXV
O
meu nome é MANOEL GOMES
Sou
um simples funcionário
Eu
nasci em 37
Julho
é meu aniversário
Eu
sou filho do Mosqueiro
Ele
é o meu berçário
LXVI
E
pra finalizar
Esta
história popular
Quero
dar vivas ao Mosqueiro
Também
parabenizar
Pelos
CEM ANOS DA VILA
A
qual está a completar
FIM
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