Ao
longo dos anos, o número de pessoas frequentando Mosqueiro foi crescendo e a
infraestrutura para atender essa demanda foi instalada gradualmente. Em algumas
praias encontramos iluminação pública, via lindeira, ciclovia, passeio público,
quadras esportivas, espaços de convivência, quiosques e barracas de praia. Em
outras nem tanto. Agora, a gestão desse espaço satisfaz o usuário? Muitos
aspectos podem e serão observados quanto à gestão, no caso específico desse
texto a atenção estará voltada para a limpeza das areias das praias.
O
uso intenso e desregrado das praias, o surgimento de materiais descartáveis,
restos de entulhos de obras realizadas, coleta de lixo irregular e técnica
ultrapassada para a limpeza das areias são fatores que contribuem para a perda
de qualidade e comprometimento ambiental, econômico e social.
Sabemos
que toda atividade humana gera rejeito e quanto mais intensa maior é o impacto,
a presença dos veranistas que procuram Mosqueiro não foge a regra. O problema
reside no fato da educação ambiental ainda não ser uma realidade em nossa
sociedade e quando as pessoas estão no meio da multidão elas têm a sensação de
estarem invisíveis, portanto podem transgredir. O advento dos descartáveis que
geralmente não são biodegradáveis, isto é, a decomposição na natureza é muito
lenta provocando um acúmulo de objetos indesejáveis entre as areias. Obras
feitas na orla pelo poder público (Prefeitura) ou pelos permissionários
(barraqueiros) terminam deixando entulhos que ao serem cobertos pelas areias
sopradas pelo vento dão a impressão que não estão lá, mas sabemos que não é
verdade. A grande sazonalidade tem várias consequências, entre elas a ineficiência
da coleta da coleta de lixo. Quando tem muita gente ela não dá conta e quando tem
pouca ela não existe como se não houvesse a produção de lixo, tudo isso
agravado pela fiscalização deficiente ou até mesmo inexistente. Por fim a
limpeza das areias costuma ser feita por equipes de pessoas portando velhos
gadanhos que retiram detritos graúdos, mas não removem aqueles que estão
enterrados nas areias.
Se
este é o cenário presente e diverge frontalmente do que desejamos para
Mosqueiro, precisamos refletir sobre as alternativas que temos para reverter
esta situação. A educação ambiental é de capital importância, ela deve ser
intensa e pode ser desenvolvida com a colaboração de estudantes nas abordagens
individuais e com a colocação de placas educativas. Distribuição de sacos
plásticos e panfletos, que costumam trazer alguma propaganda, devem ser muito
bem pensados, pois costumam eles mesmos virar lixo. Quanto aos descartáveis
devemos conscientizar os comerciantes que existem alternativas, bem como
estabelecer normas limitando o uso dos mesmos. Os entulhos soterrados nas
areias constituem uma situação que ninguém se sente responsável, por isso a
Prefeitura deve amarrar nos contratos de obras a obrigação de retirada completa
dos mesmos e exigir dos permissionários (barraqueiros) a mesma conduta. Se o
fluxo de pessoas varia intensamente a coleta de lixo deve ser planejada segundo
essa lógica. Por fim, a técnica utilizada para a limpeza das areias pode e deve
ser substituída por equipamentos que executam esta tarefa com muita rapidez e
eficiência.
Tratores
equipados de mecanismo que reviram a areia até certa profundidade retêm em um
crivo os detritos, inclusive aqueles menores que os velhos gadanhos não dão
conta. A Prefeitura poderia adquirir alguns desses equipamentos colocando os
mesmos para operar em regime de experiência em algumas praias e gradativamente
ampliar para as demais. Cidades atentas a esta problemática já vem adotando
essa tecnologia, entre elas podemos citar Maceió, Rio de Janeiro,
Florianópolis, Fortaleza, Balneário Arroio do Silva, Aracajú, dentre muitas
outras.
O
enfrentamento desse problema depende de todos, mas certamente é o poder
público, isto é, a Prefeitura que possui recursos e pessoal pago pelo
contribuinte para conduzir o processo. Na medida em que os agentes públicos
cumprem o seu papel eles se credenciam para cobrar o mesmo dos demais atores. A
Constituição Federal estabelece que as praias constituem patrimônio de todos os
brasileiros, além disso, é um bem importantíssimo para o desenvolvimento local
sustentável de um lugar como Mosqueiro, maltratá-la significa matar a “galinha
dos ovos de ouro”.
Escrevo
e publico este texto na esperança que alguma autoridade traga para si a
responsabilidade de atender essa necessidade. Tenho certeza que essa iniciativa
não partirá dos atuais gestores regionais que deixam muito a desejar quando o
assunto é gerir os assuntos de interesse coletivo de forma inteligente e
competente, tenho a sensação de que eles estão mais preocupados com os seus
interesses pessoais e muito menos com os da população.
www.gammacobra.com.br
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