Localizado
em um lugar onde a natureza foi absurdamente generosa no quesito beleza cênica,
o Hotel Farol é certamente o meio de hospedagem mais tradicional de Mosqueiro. Empreendimento
familiar teve sua origem em uma pequena construção pintada de branco que servia
para hospedar alguns amigos de seus proprietários, o casal Zacarias e Adelaide
Mártyres, e por eles denominada de casa-de-repouso.
Pouco
antes da Dona Adelaide completar 100 anos, muito bem vividos, tive o prazer de
entrevistá-la e é através desse depoimento singelo e muito bem humorado, que
pretendo oferecer aos leitores do Blog Mosqueiro Pará Brasil um pouco da
história desse patrimônio, que hoje também é de todos os paraenses. A obra do
engenheiro, historiador e amante de Mosqueiro, Augusto Meira foi outra
importante fonte de consulta.
Zacarias
e Adelaide se casaram em 1929. Após dois anos vivendo em Belém, escolheram a
ponta do farol, em Mosqueiro, para morar e criar seus filhos, que não foram
poucos, 27 ao todo, dos quais 12 foram adotados. Desde sua chegada, Zacarias
resolveu desbravar a região de ponta-a-ponta. Com auxílio de 30 homens,
construiu uma fazendinha, na qual criava cabras, cavalos, porcos e galinhas; e
transformou em bosque o que era mata virgem. A moradia mais próxima era a casa
do faroleiro.
Como
Zacarias era advogado militante, precisava ir para Belém com frequência. Por
este motivo, não demorou em abrir um caminho carroçável ligando sua propriedade
à estrada que ligava a Vila ao Chapéu Virado. A existência de uma grande árvore
no local fez com que as pessoas denominassem este caminho de “passagem do pau
grande”, depois passou ser denominado de Rua do Diamante e hoje é a Rua Rodrigo
Apinagés.
Na
década de 30, a prefeitura de Belém, sob o comando do prefeito Abelardo Condurú
realizou várias obras de saneamento permitindo a construção de avenida lindeira
à orla permitindo o acesso do Chapéu Virado à propriedade do Zacarias. Ele que
já tinha em mente a ampliação da pequena casinha branca para receber melhor os
seus amigos, negociou com a Prefeitura, por sugestão do próprio prefeito, parte
de sua propriedade. Permutou-o com material de construção, principalmente cimento
que aplicou nos alicerces e na alvenaria inicial. Conseguiu realizar a obra em
torno da casa em que vivia sem retirá-la do lugar, depois, anexada à construção
global. Zacarias costumava dizer: Isto
não é um hotel, é uma casa de hóspedes, onde costumo receber meus amigos.
Ao
ser entrevistada, Adelaide fez questão de destacar a ideia do marido quando
construiu o hotel: Como para todos os
lados a gente olhava e tinha água, ele pensou em construir o hotel parecido com
um navio. De fato, os corredores internos se assemelham ao convés e seus apartamentos
aos camarotes dos navios daquela época. Seu salão, com o piso desenhado pelo próprio
Zacarias e confeccionado em acapú, pau-amarelo e pau-nobre, deveria abrigar um
Cassino. Como o governo proibiu a prática de jogos de azar, este espaço passou
a servir de palco para os saraus onde os jovens dançavam valsa, quadrilha
francesa...
O
hotel passou a ser frequentado assiduamente por muitas famílias de posses,
entre elas os Condurú, os Athias, os Meiras e os Alvares. Meus avós, Lauro e
Célia Brandão, juntamente com meu pai, naquela época o menino Ivens, também
viraram frequentadores fiéis. Meu pai conta que havia uma pequena canoa em
madeira que ele brincava na praia. Os encantos proporcionados pelos dias que
passaram no Hotel Farol levaram muitas dessas famílias a construírem suas
residências de veraneio em Mosqueiro.
Atualmente
o Hotel Farol encontra-se tombado pelo Patrimônio do estado do Pará. Alguns filhos
do Zacarias e da Adelaide administram o empreendimento, sempre mantendo o
espírito de ser um estabelecimento voltado ao repouso dos amigos.
Que lindo lugar e que belas recordações, entretanto lá estive hospedada juntamente com minha família, filhas, genro e neta, uma delas vinda do Paraná. Apesar de já ter pago antecipadamente a hospedagem correspondente ao pacote, nos foi oferecido a compra de duas mesas para a festa do réveillon no valor de cem reais cada. Para o nosso total desapontamento a aquisição das mesas nos deu direito somente a dois pratinhos de salgados cuja a qualidade era pessima (emborrachados), uma garrafa de cidra e só.
ResponderExcluirEstávamos hospedados regulamente tínhamos o direito de utilizar as dependências do hotel incluindo as mesas da área externa sem pagar nada se quiséssemos beber e comer ao custo de 200 reais teríamos muito melhor do que foi servido. Desta forma me manifesto na condição de consumidora que se sentiu lesada em seus direitos. Espero que a atual administração se inspire no modo de agir dos fundadores do hotel para que as pessoas que lá se hospedam continuem se sentindo acarinhados como no passado!
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