Quando é comemorado o aniversário de
um lugar, seja ele um país, uma cidade ou um simples um vilarejo, a data em que
isso acontece é uma referência de um acontecimento relevante para quem nele
habita. No caso do Brasil, 22 de abril representa a data em que a esquadra de
Pedro Alvares Cabral desembarca no litoral da Bahia. Para Belém, 16 de janeiro corresponde
á chegada de Francisco Caldeira Castelo Branco na região para dar
prosseguimento ao projeto de conquista territorial dos colonizadores
portugueses. E em Mosqueiro? O que ocorreu em 06 de julho de 1895? Este texto
pretende lançar algumas luzes sobre estas questões.
A ocupação do território mosqueirense
é muito antiga, historiadores apontam a presença da Companhia de Jesus em
Mosqueiro, já nos primeiros anos do século XVII, onde mantinham uma tribo de
índios submissos denominados de “Morobiras”. Mapa de 1680, da costa das
Capitanias do Pará e do Maranhão registra, entre outras localidades, Mosqueiro e I. Morobira. Nos fins do século XVIII, planta hidrográfica da
Costa, em longa relação de lugares litorâneos, assinala a Ponta do Mosqueiro entre a baía de Santo Antônio e baía do Sol. Sabemos
que no início do século XIX, a Vila do
Mosqueiro era o lugar onde existia uma Irmandade responsável pelo culto à
Virgem do Ó. Nessas e em outras situações é possível identificar a presença do
colonizador em território mosqueirense, porém não se encontra o registro de
alguma data correspondente à fundação de algum vilarejo ou mesmo a chegada dos colonizadores.
(Recorte do Mapa contido na publicação de João Lúcio D’Azevedo tratando da
presença da Companhia de Jesus no Pará)
Sob o aspecto político, Mosqueiro
pertenceu à antiga freguesia de Benfica, onde eram registradas as concessões de
terrenos localizados na Ilha. Quando vice-presidente da Província do Pará, o
Cônego Manoel José de Siqueira Mendes sancionou a Lei da Assembleia Legislativa
Provincial que recebeu o no 563, de 10 de outubro de 1868, em seu
artigo 1º lemos Fica criada na povoação
do Mosqueiro uma freguesia sob a invocação de Nossa Senhora do Ó, e no 2º,
que ... seus limites civil e eclesiástico
serão: pelo Sul o furo do Pinheiro em direção do igarapé do Fundão, abaixo do
igarapé Paricatuba, até a baía do Sol, e pelo Norte a margem do rio Jauá. A
freguesia do Mosqueiro incluía também as ilhas de Cotijuba, Paquetá, Jutuba e
Tatuoca. No período republicano, os Registros de Terra passaram a ser feitos em
Mosqueiro com a vigência do decreto no 410, de 8 de outubro de 1891
e da Lei no 82, de 15 de setembro de 1892. Em 6 de julho de 1895, a
Lei no 324 deu a Mosqueiro foros de Vila. No governo de Augusto
Montenegro, com a Lei no 753, de 26 de fevereiro de 1901, Mosqueiro passou
a ser Distrito da Capital paraense, condição que permanece até hoje, apesar de algumas
alterações territoriais. O decreto no 1.109, de 14 de janeiro de
1902, determinou que fossem recolhidos ao arquivo de Belém todos os livros e
documentos referentes ao Distrito de Mosqueiro.
(Cônego Manoel José de Siqueira Mendes)
Por aqui, todos sabem que o “aniversário”
de Mosqueiro é comemorado em 06 de julho. Como vimos acima, esta data corresponde
a mudança da condição de freguesia para a condição de vila. Neste ponto é que
eu gostaria de oferecer algumas reflexões. Qual a relevância desta data para
Mosqueiro? Existem outras datas mais relevantes? A irrelevância da atual data fica evidente quando constamos que, hoje,
Mosqueiro não é uma Vila. Restariam os momentos em que Mosqueiro foi
reconhecido como unidade territorial e administrativa, ou seja, na criação da freguesia
de Mosqueiro, em 10 de outubro de 1868, ou quando é criado o Distrito de
Mosqueiro, em 26 de fevereiro de 1901. Em minha opinião, preferiria comemorar
os 147 anos de Mosqueiro no dia 10 de outubro, mas um plebiscito ou
mesmo uma ampla consulta popular trará a resposta que precisamos.
Longe de mim querer ser o dono da verdade,
conforme o que externei no início desse texto, minha intenção é lançar algumas
luzes para uma discussão que me parece necessária. Inequivocamente, 06 de julho
representa muito pouco para Mosqueiro. Alguém resolveu eleger esta data e todos concordaram sem refletir ou oferecer qualquer questionamento, talvez por
se tratar de um momento em que se inicia a alta estação e o famoso marketing falou mais alto. Mesmo assim,
me parece muito pouco diante de outras datas que trazem consigo fortes raízes
culturais e históricas de Mosqueiro. Sinta-se a vontade para deixar seu comentário dando a sua opinião.
O senhor tem razão. A melhor data é a mais antiga (10/10/1868), por ser uma espécie de data fundadora
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