O leitor que hoje enfrenta a lentidão do trânsito para sair de Belém via rodoviária, certamente ficará surpreso ao saber que o percurso Belém / Mosqueiro já foi vencido em apenas sete minutos.
Decorria a década dos anos 70, primeiros quinze dias de janeiro, quando o casal aproveitava os últimos dias do nosso período menos chuvoso para acompanhar os filhos, de férias em Mosqueiro.
No entanto, deveres profissionais me chamaram a cumprir tarefa na Instituição em que eu trabalhava. Assim, num domingo, logo de manhãzinha, vim a Belém a fim de participar do exame vestibular da UFPA. Pretendendo o convívio da família, terminado o trabalho, logo depois do meio-dia, decidi voltar a Mosqueiro.
Naquele tempo, não havia ponte ligando a Ilha ao continente, sendo a travessia do Furo das Marinhas feita em balsas. Como eu havia deixado o carro em Mosqueiro, me restava o ônibus. Ocorreu-me então a ideia do transporte aéreo. Para tanto, desloquei-me até o campo do Aeroclube. Lá chegando, tudo estava deserto, depois surgindo um menino, que levou o recado de que eu queria viajar para Mosqueiro. Em resposta, veio ao meu encontro o piloto do pequeno avião que me transportaria.
Tomei o assento ao seu lado, no aviãozinho para apenas quatro lugares. Acionado o motor tudo vibrava, e um forte ruído invadiu a cabine, com visíveis desgastes. Decolamos na direção da Av. Almirante Barroso, em seguida fazendo-se uma volta de quase 180 graus, e num ‘piscar de olhos’, avistou-se a praia de Outeiro, repleta de banhistas, levando o piloto a fazer um ‘rasante’. Quando arremeteu, ao cruzarmos a Baía de Santo Antônio já se avistava o campo de pouso em Mosqueiro, no Chapéu-Virado.
Foram sete minutos de emoção. Mas valeu! Do campo de pouso para casa, depois de algumas passadas, já me encontrava no aconchego da família.
(Texto enviado por Ivens Coimbra Brandão. Publicado no jornal A Voz de Nazaré em 28 de novembro de 2014)
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