Não faz muito tempo que as pessoas diziam em alto e bom som que no dia
em que Mosqueiro elegesse um vereador e este fizesse parte da base aliada do
prefeito, as coisas iriam melhorar. Hoje nós temos uma vereadora eleita por
votos majoritariamente de Mosqueiro e outro vereador com expressiva votação no
Distrito. Ambos fazem parte de partido que apoia o prefeito na Câmara Municipal.
Seguindo o raciocínio de muitos, os nossos problemas estavam resolvidos ou,
pelo menos, encaminhados. Infelizmente esta não é a realidade que vivemos, o
sentimento de insatisfação e decepção vem aumentando vertiginosamente, fazendo
crescer o sentimento emancipacionista.
É sobre o grupo que defende a emancipação que gostaria de falar.
Conheço muitos que integram este grupo e que já me disseram – não estamos mais
aguentando tanta incompetência, entra governo e sai governo e a coisa só piora.
Esses eu sei que são pessoas decentes onde o posicionamento a favor da
emancipação reflete uma situação de quase desespero. Por outro lado, estamos
presenciando diversas pessoas defenderem a emancipação porque vislumbram alguma
chance de se dar bem e não de fazer o bem. Existem aqueles que almejam cargos
políticos (prefeito ou vereador); outros os cargos de DAS que seriam criados
sem precisar fazer concurso; e também os que pretendem fazer “bons negócios”
com o novo governo. O descaramento é tanto que existem pessoas já lançando as
suas candidaturas nas redes sociais ou se transformando em indivíduos
simpáticos, bem diferentes do que foram até os dias de hoje.
Voltando a falar em nossos vereadores eu gostaria de salientar um
aspecto no mínimo curioso. Como é que a vereadora alega simpatia pela causa da
emancipação, justificada pelas enormes dificuldades que nós moradores
enfrentamos, quando ela detém a maioria das nomeações dos cargos de confiança
da Agência Distrital e se diz amiga do Prefeito? Os vereadores não são
responsáveis diretos pela construção e manutenção das escolas, construção e
manutenção de Hospitais e Postos de Saúde, limpeza pública, ordenamento do
transporte público, pavimentação de ruas, essas são tarefas que cabem ao
Prefeito e a sua equipe. Aos vereadores cabem duas tarefas fundamentais:
aprovar as leis e fiscalizar as ações do Prefeito. Como a Vereadora vai
fiscalizar o Prefeito se ele nomeou diversas pessoas por indicação dela? Na
hora em que ela cobrar alguma coisa ou se manifestar contrariamente aos
interesses do prefeito ele exonera todo mundo. A conclusão que chego é que se a
nossa situação não é boa, não será a vereadora que irá brigar para as coisas
melhorarem.
Enquanto o processo está estagnado, pois a Presidente Dilma vetou o
Projeto de Lei na íntegra, devemos estar atentos para o que realmente
precisamos - políticas públicas responsavelmente construídas. A participação da
sociedade na construção dessas políticas é fundamental e para que isso se
materialize precisamos regulamentar o Conselho Distrital previsto no Sistema de
Planejamento e Gestão – SIPLAG. Essa, sim, é uma tarefa dos nossos vereadores.
Neste Conselho teremos a participação paritária do governo e da sociedade
permitindo a construção de uma gestão compartilhada. Imagine a diferença entre
o Conselho planejar as ações que devem ser realizadas em Mosqueiro e um pequeno
grupo se reunir na casa da vereadora para executar esta mesma tarefa. Qual
dessas situações lhe parece legítima? Precisamos que os políticos reconheçam e
legitimem os mecanismos que permitam ao cidadão participar da construção do
futuro do lugar onde moram e provavelmente irão morar seus descendentes. Digo e
repito, Mosqueiro precisa de pessoas que façam por ele e não de pessoas que
querem se fazer em Mosqueiro.
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